"GUAAAAAALOOOOOO!"
Juro que li nos lábios de uma adepto bracarense, porque é assim que se pronuncia na minha terra. De qualquer forma, se fosse tripeiro também não o diria muito diferentemente.
Faz-me lembrar uma aluna, certa vez que escreveu "Vai-e-vem" e me perguntou se estava certo. Eu, algo incrédula, qual seria a dúvida- o hífen, o acento - a hesitar, que sim, que estava bem e ela:"é que eu não sabia se se escrevia com este B ou com o outro!"
Juro que li nos lábios de uma adepto bracarense, porque é assim que se pronuncia na minha terra. De qualquer forma, se fosse tripeiro também não o diria muito diferentemente.
Faz-me lembrar uma aluna, certa vez que escreveu "Vai-e-vem" e me perguntou se estava certo. Eu, algo incrédula, qual seria a dúvida- o hífen, o acento - a hesitar, que sim, que estava bem e ela:"é que eu não sabia se se escrevia com este B ou com o outro!"
Eu gosto de ser minhota, gosto destes falares, da pronúncia, dos dizeres, da alegria e da genuinidade das gentes. Das excursões e dos farnéis. Assentam arraiais, comem, bebem, penduram garrafas vazias nas tendas improvisadas, quais troféus de desporto olímpico ou caça grossa, cantam, falam alto e esbracejam, trazem o coração na boca e a febre que não é só da bola, mas do conBíbio, da tainada, da gargalhada, da sueca ou da soneca no autocarro.
O adepto do nuarte, além de ser tuga, é feliz e desabrido. Diz o que pensa, sem papas na língua, troca os bês pelos bês, abre muito as vogais e chama "begueiro" ao árbito, ou "murcounhe", ou filho de quem já sabemos, mas esse não é regional, é um miminho aplicado universalmente pela nação inteira. Agora, é preciso ser bracarense para lhe chamar "trengo", "bazaroco", "artolas","azeiteiro","calaceiro" "broeiro" e é porque em campo não jogam mulheres, porque se não eram "sostras!" ou "totas" ou, se os ânimos estivessem mesmo exaltados "bacazola".
O adepto minhoto convida sempre um amigo para ir à bola- "anda conós"! Chegado ao estádio, enquanto o jogo não começa, conta qualquer coisa que lhe aconteceu "aqui há atrasado", olha para o céu cinzento e arrepende-se de não ter trazido "chuço" que ficou nos "forrinhos". Ou arrepende-se de ter vindo só de "camurcina" porque está "briol" ou "briasca".
Assim que se ouve o apito inicial, põe o filho "às carrachuchas", vai comentando as "bacoradas" , anima os colegas de bancada "esperai-de que habemos de gAnhAr", manda o árbitro abaixo de Braga as vezes que tiver de mandar e vai espirrando caraAgos a cada remate.
Se perder, claro, o adversário "só ganhou porque teve mijo".
Hoje, não. O Braga ganhou a taça, aparentemente cinquenta anos depois. Fiquei contente. Sou bracarense, não costumo deixar a porta aberta, mas vejo "beijo" Braga por um canudo porque moro longe. Talvez por isso me alegrasse a Bitória. Nada de clubística, afeição regional. Bibó Braga!
(Quem precisar de tradução ou esclarecimentos pode consultar:
https://sites.google.com/site/falarbragues/home)
https://sites.google.com/site/falarbragues/home)
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