Saturday, March 12, 2016

Jantar Dia das Mulheres

   
   

      Se vêm ler isto à espera de pormenores picantes, banhados de bom vinho tinto e mulheres bonitas, sofisticadas e bem dispostas à volta de uma mesa farta - eu e as minhas amigas- desenganem-se. Não desta vez.
      Estou de pijama polar e meias de lã, a escrever, em cima de uma cama de casal cheia de abraços e gargalhadas ao som do Shin-Chan (no Biggs! A quem não conhece, recomendo) e, para dizer a verdade, é uma excelente forma de celebrar o ser mulher, aliás, acho que é aqui nesta cama entalada entre as caneladas do quico, o pescoço quente do pai e as caracoletas da Mary espalhadas na almofada, que me sinto plenamente realizada como mulher. Ainda por cima se consigo conciliar tudo isto com a escrita!
      Mas hoje, certamente, é dia de comemorações e jantares de mulheres. Um óptimo dia  para os homens livres e desimpedidos saírem. E trabalharem.

"Segundo a acusação, o militar terá realizado a 8 de março de 2014, Dia da Mulher, quatro espetáculos de striptease em discotecas, bares e restaurantes diferentes com a farda e arma de serviço
  
      Chamem-me choca, conservadora, puritana, whatever, mas não gosto dessa onda de homens desnudos besuntados em óleos corporais manhosos e mulheres histéricas a esganiçar-se e a galgar mesas para lhes colocar notas nas tangas. Não tive despedida de solteira, nunca usei bandeletes com pilinhas na cabeça e não me parece... os cabos e bombeiros comigo não ganhavam a vidinha, mas sei que, a esta hora, estão a encher as algibeiras com a emancipação feminina. (Raios parta isto, parece que saem sempre a ganhar na equação!)

      Mais de resto, bom pretexto para pôr a economia a bulir: cabeleireiras, manicuras, restaurantes, bares, djs, animadores e cantores e os demais do show biz. Quase arrisco que mesmo as sapatarias e os pronto-a-vestir vendem mais qualquer extravagância para a mente feminina se sentir bem neste dia.

      Portanto, 
          ladies, 
              curtam, berrem, esgadanhem-se e  soltem a franga

      Porque foi preciso ter a sorte de ter nascido neste século, nesta ponta do planeta, nesta classe social, nesta etnia e nesta religião para que o pudessem fazer.



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