Ontem a Maria vinha abatidinha da escola, ao fim do dia.
O irmão a denunciar que tinha havido lágrimas no intervalo e a ameaçar que contava tudo se ela o não fizesse. Ela a desabar que não tinha sido nada e que ele se metesse na sua vida e a deixasse em paz. Ela que sempre gostou de resolver as suas coisas sozinha.
Claro que quis saber o que tinha sido.
Claro que eram arrelias de crianças, mas estivemos os três a conversar quase uma hora. E isso foi bom.
A Maria acabou por revelar, em lágrimas, que tinha contado um segredo a uma amiguinha (A) e que pediu para que ela não o revelasse a outra amiga (B)... e que ela(A) o fez.
Simples.
Humano.
A Maria a dar de caras com questões como confiança, intimidade, traição.
"Sabes, filha, quando acontece alguma coisa menos boa, que nos põe triste ou com raiva, devemos pensar nela para tirar lições para uma próxima vez. O que é que tu aprendeste hoje com essa má experiência?"
"Que ela (A) é má..."
"Sim, ela traiu a tua confiança... não devias ter confiado nela. Para a próxima tens de pensar melhor antes de confiar os teus segredos, se forem mesmo segredos, a qualquer uma... há pessoas em quem não se pode confiar..."
E ela, em soluços, faz-me daquelas perguntas para as quais adulto nenhum tem resposta:
"E como é que eu sei?"
"Não sabes, meu amor, tens de tentar ir conhecendo as pessoas aos poucos e proteger-te um pouquinho mais, não podes contar tudo logo porque a pessoa te parece simpática, com o tempo percebes... e às vezes desiludimo-nos... é assim..."
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