Thursday, December 18, 2014

Pesadelos e acordar

Dizem que quando se perde alguém que se ama a gente acaba por tirar um sentido disso, um qualquer tipo de aprendizagem, uma lição de vida. Eu ainda não consegui sair daquele lugar de raiva, frustração e impotência, daquela cama de hospital, daquele corpo esmorecido, inerte e entubado, gelado e a transpirar, daquele branco todo, aquele branco asséptico e  mortal, onde volto todas as noites como se sentisse saudade ou vontade de ficar. Ao despertar não chega a fazer mais sentido. Sempre esta resignação. Acontece. Este sentido de fatalidade. Faz parte. Nada que me impele a que,de alguma forma, algum dia, faça sentido. A ausência de um deus que me abraçasse, me acolhesse.

Sempre estas e outras noites atormentadas. Aquelas ali  aos gritos com pessoas que não confronto acordada, a viver durante o sono aquilo que reprimo de dia, a gritar muito com quem me magoa, a dizer o que penso, sem resolver nada, para acordar com o  desconsolo de não ter ainda dito nada, não ter afinal gritado com quem merecia ouvir. Ser só eu o eco inconsolável dessa fúria. Ser só eu a despender a energia. e sempre tão intenso. ... (suspiro). Como dormir em paz? Será que os fármacos ajudavam?