Saturday, March 19, 2016

Dia do pai nas minhas palavras

Pais há muitos. De muitas formas e feitios. 
Permissivos, autoritários, brincalhões, severos, diligentes, irresponsáveis, meigos ou agrestes. Ou um pedaço disto tudo em momentos diferentes. 

Há pais asfixiantes, que hipercontrolam e limitam; há pais liberais que confiam no destino; há pais ciumentos e possessivos, que acreditam ser donos dos seus filhos, poder moldar-lhes as vidas; há pais que não balizam em absoluto.

Há pais ausentes que estão lá sempre 
pais presentes que lá não estão nunca. 

Alguns são genitores, porque pouco mais fizeram do que isso. Gerar. 
Por mais que corra mundo nunca vou deixar de me surpreender com os filhos destes. 
Por mais que os pais lhes falhem, por mais que errem, negligenciem, agridam, magoem, desiludam ou violentem de variadíssimas formas, há nos filhos o íntimo desejo de primeiro, fingir ou negar; depois, desculpabilizar, atenuar, abafar ou minimizar. 
E, sempre, sempre, sempre ... perdoar, acolher, investir, idealizar, acreditar de novo, enfim, resgatar a figura paterna que falhou. 
Afinal parece não ser fácil ignorar ou esquecer quem nos deu vida, pelo menos uma vez. Como se um elo primordial os impelisse. Como se fosse uma pulsão instintiva ou um vazio metafísico para preencher.
 
Felizmente por cada caso anómalo destes existem milhares de pais de verdade, que são mais que genitores. Pais de verdade. Que cuidam. Mimam. Dão vida e salvam a vida dos filhos de várias maneiras ao longo dos anos. A tomada coberta. A corrida atrás da bola para que lá não vá o menino. A vigília em noites de febre. O telefonema de madrugada quando a audácia da juventude corre mal.
 Os pais de verdade dão vida com várias partes do corpo. A mão sob o abdómen para que aprenda a nadar. Os braços no ar para que os filhos voem. O ombro para chorar. As cavalitas para ver o herói no palco. Os pés para indicar o caminho. Os lábios para aconselhar ou calar. Os ouvidos e o coração para escutar. O colo para os trambolhões da sorte e do destino.
Um bem haja, neste dia, aos pais que o são com o corpo todo e a alma inteira.

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