Monday, November 30, 2015

A lógica dos (meus?) miúdos

As nossas agendas são diametralmente opostas às deles. Os nossos timings e prioridades divergem. A forma como vemos o mundo é distinta. A nossa linguagem é carregada de simbolismos, nuances, imagéticas. Eles levam tudo à letra. É demasiadamente flagrante que a lógica dos filhos é diferente da dos pais. Ou será só a dos meus?

1- É lógico que ao fim-de-semana acordem às oito em ponto e que segunda-feira nos vejamos gregas para os tirar da cama!

2- A água, para uma menina, só sabe bem num copo cor de rosa! Evidente!

3- E vai ser tão mais saborosa quanto maior for a vantagem milimétrica em relação ao copo do  irmão!

3- E, claro, não importa que haja um garrafão de sete litros de água em frente do nariz, a primeira coisa que fazem assim que se sentam à mesa é alinhar os copos para ver se - ah! ousadia das ousadias! - o pai (aquele vilão) ousou dar vantagem milimétrica a algum dos dois!

4- Pim pam pum é um critério tão válido como qualquer outro, mesmo nas decisões mais difíceis. Estranho é que os adultos não façam uso dele!

5- As poças de lama e os charcos de água da chuva berram pelos pés dos nossos filhos. Para que saltem, pinchem e se esfreguem. Da mesma maneira que a geada que se acumula no vidro do carro está a gritar para que façam lá desenhos, a pedir dedinhos infantis ou mesmo línguas...

6- É absolutamente evidente e inquestionável que o culpado é sempre o outro. Seja porque "Eu já estava aqui primeiro"ou porque "Foi ele que começou" (em uníssono) ou ainda porque "ele é que anda a..." ou "ela tem a mania de..."
   Com dois anos de idade, a ser desfraldada, a Maria já tinha percebido as regras do jogo: quando chegou tarde de mais à sanita e molhou as cuequinhas afirmou sem hesitar - "Foi o Pêdo!"

7- A roupa em cima da cadeira não é sinónimo de desorganização. Na lógica do meu filho "ela está aí para eu não me esquecer que tenho de a arrumar!" ??????????????????

8- "Cada um para o seu quarto" não é uma resolução de conflito aceitável para nenhuma das partes. Eles podem descabelar-se, engalfinhar-se e gritar, mas se os separámos gritam "nããão". Qual é a lógica? Quanto mais me bates, mais gosto de ti?

Por outro lado, nada do que é óbvio para nós parece ser claro para eles...
 
9-  "Por favor, pára com essa gaita cujos guinchos repetidos incessantemente durante os últimos 15 minutos me estão a levar à loucura!"- "Porquê?"
    
10-  "Não deves dizer à senhora do parque que está gorda nem velha" - "Porquê?"
     
11- "Por favor, cala-te um bocadinho que me dói a cabeça" - "puqué que eu num poxo falar? 
    
12-   "As cortinas não servem para a gente se pendurar ou enroscar nelas..." - "Não?"
     
13-  "Olha que lindo! O ecrã cheio de leite! Lindo!" - "Não, não é lindo..."
     
14-  "Quantas vezes já te disse para não mexeres aí?" - "Cinco." 

LÓÓÓÓGICO!
    



Monday, November 23, 2015

Paz, mundo, paz!

A Europa  está em guerra. Tremo ao dizê-lo. A França reagiu aos ataques terroristas com bombardeamentos. Já não receio apenas deixar aos meus filhos um mundo em que volte a haver fronteiras apertadas, arames farpados e muros. Não temo apenas viver num mundo ameaçado pela sombra terrorista. Receio a guerra. Não consigo sequer supor um mundo em que os nossos filhos tenham de fazer parte de uma guerra. Não os quero alistados. Não os quero em trincheiras. Tremo ao sequer pensá-lo e proferi-lo. Paz, mundo, paz!

Entretanto só me ocorre desejar que, não obstante todas as decisões geopolíticas, todas as convulsões sociais, culturais e religiosas que se avizinham, consigamos, no nosso dia a dia, dar exemplos de tolerância e pacificação. Não podemos permitir que extremismos nos extremem. Pela paz. Pelo futuro dos nossos filhos sem trincheiras. 

Paz, mundo, paz!

Sunday, November 22, 2015

Sexta feira 13


Victims of Paris attacks

Depois da fatídica sexta-feira 13 (que podia ser qualquer outra, assim ditasse o islam, que em árabe significa submissão à vontade de Deus) e daquele fim de semana de bombardeamentos  mediáticos, encontrei adolescentes alvoraçados, desinformados e alarmados. "Professora os terroristas vêm aí...e se morrermos todos?"













Não morremos, descansa. 
Ou melhor, morrer, morremos todos, um dia. Não penses nisso. Não vai ser nada. Anda, vamos mas é rever as funções sintácticas ou  classificar orações ou explico-te o Present Perfect, isso, o Present Perfect, de certeza que já andam a contrastar Present Perfect com Past Simple.

Não morremos, descansa e, no entanto,...

Eu grávida pendurada naquela varanda a pedir socorro em francês.

Eu sobrevivente a lembrar-me de fazer um garrote na perna a sangrar.

Eu morto naquele bar-restaurante La Belle Équipe a atirar-me para a frente para proteger uma amiga de uma bala. Eu, essa amiga que também morreu apesar de.

Eu, ferimentos graves, dois dias a lutar num hospital, sem vencer. Eu, aquela gente toda cá dentro, projectos de vida, afectos, as crianças que ficam órfãs, o viúvo com um bébé, os pais que perderam filhos, o inverso disso também, a grávida que ficou viúva, os namorados que iam casar, os cursos por completar, a fundação para crianças em Madagáscar que uma benemérita fundou e que a morte também colheu, como quereis que vos dê explicações meus queridos, que lógica, que apaziguamento vos posso eu dar, se dentro de mim...

Eu sobrevivente sem saber que as balas atravessam portas, a levar com uma, portanto,
Sobrevivente sobre os mortos, a pisar cadáveres e corpos para fugir.
Eu sobrevivente a pisar corpos no chão, deitados? prostrados? estendidos? abatidos?
corpos, tantos, tenho de avançar para fugir- magoei alguém, porque estão deitados? prostrados? estendidos? abatidos?

Quando vejo notícias não ouço a voz dos jornalistas.
Leio o rodapé e ouço as vozes deles no meu coração.

"Vou ficar aqui muito quieta para que não percebam que estou viva"

"sinto-me fraca. Estou prestes a perder os sentidos. Espero que a ajuda médica chegue rápido. Meus filhos..."

"Tenho de me deixar de trabalhar ao fim de semana. Já lá vão trinta anos de praça. Foi para isto que emigrei, mas dantes não era nada disto. cada vez está pior. então nos jogos. olha para aquilo, parece que já vão arranjar confusão outra vez. esta juventude não sabe vir à bola. e hoje está mais frio. nunca mais chega a hora de ir para casa... o leitinho quente e as bolachinhas com fromage é que marchavam bem agora.... mas que é aquilo? algum verylight, não?"

Que certezas, queridos, que palavras vos direi? Não morremos, descansa... e, no entanto...

"estou deitado no chão, só ouço disparos,gritos e vidros a estilhaçar. os estilhaços caem por toda a parte e atingem toda a gente que ainda há minutos ocupava as mesas a jantar. Estendo a mão à mulher que está ao meu lado para ver se está bem. Foi atingida no peito. Há uma poça de sangue. não tenho a certeza de que consegue respirar..."

"Que fazemos agora? Será seguro sair? tenho a sala cheia de gente estranha e, no entanto, nunca me senti tão próximo de um ser humano como destes estranhos que alberguei instintivamente. Moro mesmo em frente ao Le Carillon. com o alarido espreitei à janela e vi uma dezena de corpos no chão. abri as portas de casa para resgatar os sobreviventes da rua. estamos à espera há horas. em pânico. em sofrimento. em desespero"

Não morremos, descansa que eu hoje trago em mim um cemitério inteiro.

Wednesday, November 18, 2015

Carta aos meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya - Jorge de Sena


 



 



















Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.
É possível, porque tudo é possível, que ele seja
aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo,
onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém
de nada haver que não seja simples e natural.
Um mundo em que tudo seja permitido,
conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,
o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.
E é possível que não seja isto, nem seja sequer isto
o que vos interesse para viver. Tudo é possível,
ainda quando lutemos, como devemos lutar,
por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,
ou mais que qualquer delas uma fiel
dedicação à honra de estar vivo.
Um dia sabereis que mais que a humanidade
não tem conta o número dos que pensaram assim,
amaram o seu semelhante no que ele tinha de único,
de insólito, de livre, de diferente,
e foram sacrificados, torturados, espancados,
e entregues hipocritamente à secular justiça,
para que os liquidasse «com suma piedade e sem efusão de sangue.»
Por serem fiéis a um deus, a um pensamento,
a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas
à fome irrespondível que lhes roía as entranhas,
foram estripados, esfolados, queimados, gaseados,
e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido,
ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.
Às vezes, por serem de uma raça, outras
por serem de urna classe, expiaram todos
os erros que não tinham cometido ou não tinham consciência
de haver cometido. Mas também aconteceu
e acontece que não foram mortos.
Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer,
aniquilando mansamente, delicadamente,
por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de Deus.
Estes fuzilamentos, este heroísmo, este horror,
foi uma coisa, entre mil, acontecida em Espanha
há mais de um século e que por violenta e injusta
ofendeu o coração de um pintor chamado Goya,
que tinha um coração muito grande, cheio de fúria
e de amor. Mas isto nada é, meus filhos.
Apenas um episódio, um episódio breve,
nesta cadela de que sois um elo (ou não sereis)
de ferro e de suor e sangue e algum sémen
a caminho do mundo que vos sonho. 

Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém
vale mais que uma vida ou a alegria de tê-la.
É isto o que mais importa - essa alegria.
Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto
não é senão essa alegria que vem
de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez alguém
está menos vivo ou sofre ou morre
para que um só de vós resista um pouco mais
à morte que é de todos e virá.
Que tudo isto sabereis serenamente,
sem culpas a ninguém, sem terror, sem ambição,
e sobretudo sem desapego ou indiferença,
ardentemente espero. Tanto sangue,
tanta dor, tanta angústia, um dia
- mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga -
não hão-de ser em vão. Confesso que
multas vezes, pensando no horror de tantos séculos
de opressão e crueldade, hesito por momentos
e uma amargura me submerge inconsolável.
Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não sejam,
quem ressuscita esses milhões, quem restitui
não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?
Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes
aquele instante que não viveram, aquele objecto
que não fruíram, aquele gesto
de amor, que fariam «amanhã».
E. por isso, o mesmo mundo que criemos
nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa
que não é nossa, que nos é cedida
para a guardarmos respeitosamente
em memória do sangue que nos corre nas veias,
da nossa carne que foi outra, do amor que
outros não amaram porque lho roubaram.


Jorge de Sena
Lisboa, 25/6/1959

Saturday, November 7, 2015

tia Cila

Uns dias após a minha Maria ter nascido, a minha tia Cila e o meu tio Lopes, vieram a Bragança DE PROPÓSITO, sublinho, de propósito para me dar um beijinho no hall de entrada, ver a menina e regressar. Eu explico: não é que tenham simplesmente (como se fosse pouco) subido o Marão para nos acarinhar, não. Nesse fim-de-semana tinham ido a Lisboa e, ao voltar para Braga, fizeram um "pequeno DESVIO" (palavras suas) para nos ver. Isto não tem preço. Mas é apenas a ponta do iceberg. 

A minha tia Cila é a figura da matriarca, tanto é que até pelo marido é chamada de MÃE. Eu acho que até do meu pai ela é um pouco mãe; não é "mandinho"?  Quanto a mim, estive debaixo da sua asa protectora desde sempre. Colinho, miminho e "deixa lá a rapariga" para pôr o meu pai no lugar, quando era preciso. Amo-a profundamente - de gratidão, por tudo o que fez por mim, mas também de pura admiração, pela mulher que é.

E é por aqui mesmo que quero começar: não pela tia, mas pela mulher que admiro, a vários níveis:

- A consciência agudíssima do mundo e das coisas; o espírito aberto, numa mulher de outro século, onde o bom senso regula o conservadorismo e vence o tabu;

- A sensibilidade e a atenção para com o próximo- cresci a ver esta grande mulher a ajudar os outros, a comover-se com a dor do próximo, a ter ouvidos e humanismo para quem a rodeia;

- Agora que sou mãe e tia, ainda percebo melhor a dimensão do que intuía em criança, que esta era uma mãe com as letras todas, disposta a tudo pelos filhos a quem deu vida e pelos outros a quem adoptou. (Senti-me debaixo dessa asa protectora até ser bem adulta, ainda que, por vezes talvez o não tivesse expresso; aqui estou - agora!)

- Voltando não à tia, mas à mulher que admiro. Sou mulher, agora, e esposa. Admiro-a nesse papel, também. Inspiradora a forma como construiu e solidificou a sua relação conjugal. Só agora a entendo. Muitas vezes penso se estarei à altura de tanto. Inspirar-me-ei nela, se algum dia fraquejar.

- Também sempre a sua presença feminina. Não sendo uma mulher escultural e sempre de cabelo curto, tem sempre um aspecto cuidado e bem posto. Lembro-me de ser pequena e achá-la perfumada e elegante. Ainda acho. Faz muito jus à ideia de que não é preciso ser magro-top-model para se apresentar bem. Mais um ponto para esta senhora.

- Como mulher ainda admiro a sua forma organizada de gerir a casa, o trabalho e os filhos. Tinha sempre a casa asseada e cheia de gente para merendar. Dava conta de tudo e nunca a ouvi berrar. Muitas vezes penso neste aspecto também para me inspirar... eu que sou tão stressada, ando sempre a mil e pareço nunca dar conta do recado... como é que ela, na sua calma e doçura...

- Admiro-a também no seu papel de filha. Exemplar. Prestável. Meiga. Junto dos seus pais até ao fim.

Mas,
claro que
para mim ...
é muito mais do que um exemplo de mulher.

É a minha tia Cila.
Dizer tia Cila é dizer um sorriso sincero, mas uma lágrima muito fácil, sempre pronta a vir ter com a dor dos outros; é dizer beijinhos repenicados; é dizer generosidade - um coração do tamanho do mundo e umas mãos largas que o acompanham. Dizer tia Cila é dizer
"Comei se quiserdes, se não quiserdes não comais, tendes muito que comer graças a Deus"

e nós comíamos... um saco cheio de sandes, em Esposende, debaixo da nortada, com os lábios roxos e tremelicantes da água (do mar) que estava boa, estava sempre boa; comíamos um saco cheio de sandes - até ao duro - e que bem sabia, com marmelada, planta ou tulicreme! Tulicreme!!!

e nós comíamos...
(coisas que em casa não havia, porque o pai não dava às meninas, ou porque (agora entendo) a nossa dispensa onde, felizmente nunca faltou nada, não contemplava as novidades mais caras que o capitalismo e a globalização começavam a abrir às famílias trabalhadoras como a minha.)

leite achocolatado...línguas de gato...papa Pensal...pintarolas...bombocas!!!! Amêndoas de páscoa, quilos delas a rechear brincadeiras com os primos, principalmente o mais novo, que nos extorqui dinheiro para assistirmos a filmes da Disney num ecrãzinho mixuruca, que, à época nos parecia alta tecnologia Hollywoodesca!


Dizer tia Cila é sentir doces e tantas recordações de infância: o cheirinho de roupa lavada escada encerada acima; pétalas de flores e colchas à janela para assistirmos -todos e muitos- em absoluto silêncio à passagem solene da procissão; presépios com musgo de verdade, luzinhas e muitas figuras em barro; frangos no churrasco com futebol e cartas; Esposendes e Algarves de risota, cantigas e alegria; notinhas dobradinhas discretamente enfiadas no nosso bolso (até à idade adulta)...

Ainda hoje, dizer tia Cila é ser recebido com um sorriso muito grande e um "ó Martinha" que tem lá dentro um "que saudades, que bom que é ver-te, ainda bem que estás aqui, há que tempos que não te via, porque não apareces mais vezes?"

Podia dizer que não tenho palavras para, mas, pelo contrário, tantas. E gestos, mil. Não só a casa, mas a loja - refúgios para mim, ao longo dos tempos. Na primária, o primeiro percurso que aprendi. Colégio - loja. Os deveres junto ao aquecedor, os mimos das tias, safar sacos para ganhar umas moedas. Aquilo significava o mundo para mim. Mais tarde, o meu primeiro "emprego". A primeira vez que fui a um banco sozinha. Experiências do mundo que me ajudaram a crescer. O traje. A ida a Taizé.  Gestos... inúmeros. Mimar a minha mãe até ao fim. Dar colo ao meu pai, depois dela partir. Vir ver o meu marido em risco de vida, sem deixar que a sua perna trôpega fosse mais forte que a força que tinha para lhe dar... Obrigada, tia (e tio - mas para ti há-de vir todo um outro texto).


Adenda ao meu texto pelos de palmo e meio:
"Queremos ir para Altura. Gostamos de estar com os Cilos"










Monday, November 2, 2015

Receita para fazer uma irmã

Depois de um dia repleto para ambos e apesar do cansaço produzimos um texto espectacular, eu e o Pedro. O meu filhote tinha como trabalho de casa, depois de vir da catequese, uma ficha de trabalho de matemática (frente e verso); escrever o nome dos rios (claro que ele queria TODOS, mas lá o demovi...) e, por fim, fazer um poema sobre alguém de quem gostasse baseado neste aqui
Receita para fazer uma avó, de Maria Augusta Silva Neves, no manual Alfa 3 da Porto Editora.  Ora saiu assim, sem muitos aprumos porque o pai já tinha a janta na mesa!


Receita para fazer uma irmã

Tome-se cinco gramas
de tenros anos de idade
Igual peso de bom humor
Q.B. de mimos
Uma raspa de ciúme
E uma pérola de teimosia.
À parte, em banho-Maria,
Prepare-se uma calda de galhofa
Com um cálice de gargalhadas
A ponto de açúcar.
Adicione-se um punhado de brincadeiras
Ligeiramente tostadas,
E três boas colheradas
De asneiras já moídas
Batidas em castelo
Bem firme (pelos pais!!!)
Juntam-se os dois preparados
Envolve-se tudo com "Karaté Italiano"*
Suavemente 
Até ficar em creme.
Coze rapidamente
A alta temperatura
Em forma untada de delicioso carinho.
Polvilha-se
Com chocolate em pó
E doce de morango.
Decore-se 
Com um frasco de pequenos beijos
Eis uma irmã.
Serve-se com molho de cumplicidades.

Pedro Neto, 8 anos

(* brincadeira/dança/música? código entre eles, não me perguntem!!!)