Tuesday, September 8, 2015

Quando a mãe está no hospital

Quando a mãe está no hospital não é como quando a mãe está a trabalhar e vem mais logo ou não vem jantar. Que aí a gente até agradece a folga da sopa e dos legumes e come uma pizzas e a vida é bela. Deitamos-nos mais tarde, podemos não lavar os dentes ou vestir o pijama do avesso ou jogar computador até às tantas sem que ninguém nos controle. Quando a mãe não está em casa, porque teve uma reunião ou porque foi a uma formação ou fazer um directo dos fogos de verão a ausência é simpática, é como uma folga, uma abébia. Pode-se puxar os cabelos às manas, deixar a roupa espalhada pelo chão da sala e pular em cima dos sofás. (Pensando bem, quando ela está em casa também acontece...) É bom que a mãe não esteja em casa, às vezes. Dá para arreliar mais o pai e vê-lo aflito, como uma barata tonta a pensar como é que a mãe consegue segurar as pontas. Mas quando a mãe não está em casa porque está no hospital a gente fica sem norte. Não sabemos onde estão as coisas. A pizza sai tostada. O pai não penteia da mesma maneira. Nada está certo. Parece que nem transgredir vale a pena! Por isso, mãe, volta para casa que havemos de te encher o recobro de miminhos, barulho e perguntas para que não sintas falta do silêncio sincopado a bipes de hospital.

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