Tuesday, September 22, 2015

"esperei tanto por este dia"

Quem conhece bem o meu filho sabe que a conquista da passada quinta-feira, dia 17 de setembro,  foi muito para além de aprender a dominar duas rodas e um volante.
Para o Pedro foi preciso mais do que pedalar. Houve que dominar as emoções, ultrapassar a frustração, persistir, ultrapassar o medo e superar-se.
"Esperei tanto por este dia!"- confessou à nossa amiga Sílvia que literalmente o guiou nesta conquista, que vibrou com os progressos, que lhe segurou no selim, que o empurrou com gestos e palavras.
Não sei se me fez mais feliz aquilo do que isto. Portanto hoje há muitos motivos de alegria a encher-me o coração. Uma bike, um menino em crescimento e uma amizade forte que já chorou as minhas lágrimas e, agora, ri as minhas gargalhadas. Estas palavras são para ti, amiga: mais uma vez, obrigada.


A mim vêm-me as lágrimas aos olhos de te ver empurrar o meu filho, animá-lo, celebrar com ele!

E a mim enche-me de alegria quando abre aqueles olhos que quase cola as pestanas às sobrancelhas!

Obrigada por tudo. foi perfeito. Mais uma vez fazes parte da nossa história de vida e sempre da melhor maneira!

Mesmo perfeito... se tivéssemos combinado não teria sido tão especial, acredita que também ganhei muito... muita alegria e emoção... inesquecível mesmo...

Então, se foi perfeito - e tão simples - que haja muitos dias destes nas nossas vidas, que saibamos esperar por eles e dar-lhes o devido valor quando surgem.


Thursday, September 17, 2015

Carta ao meu filho no dia em que aprendeu a andar de bicicleta


Parabéns meu filho. Hoje senti-me orgulhosa de ser tua mãe. 
Não foi um dia perfeito, tu sabes disso. Tiveste os teus momentos, as tuas fúrias, os teus gestos de raiva que tanto magoam o pai e a mãe. Num momento estavas a desatinar com a ficha de matemática, a chutar uma cadeira, a atirar-te para o chão e a responder torto ao pai, a partir um lápis aos bocadinhos com a frustração. No momento seguinte estavas a superar essa mesma raiva, a tua frustração de não conseguir dominar a bicicleta, a cair e a por-te de pé, repetidas vezes, sem desistir, aos resmungos, mas sem desistir, até ganhares confiança e equilíbrio. Nessa persistência ganhaste o teu desconforto, a insegurança. Venceste. Com umas mãos amigas e toda a tua coragem e insistência, conseguiste. Muito bem.
Sabes, quando eu era pequena também tive dificuldade em aprender a andar de bicicleta. Caí muitas vezes até aprender. Tinha um pouco de medo, dava-me aquele frio na barriga que eu já te contei que não gosto muito... Lembro-me que me custava equilibrar-me e depois de arrancar tinha dificuldade em parar. Quase sempre atirava comigo para um lado e com a bicicleta para o outro. Era de rir. Também me lembro de ir em cima da bicicleta, meia aos esses, e ver algum obstáculo à frente (um cão, uma pessoa, um buraco ou mesmo uma árvore) e desejar que se afastassem, porque se não eu estampava-me. Também sentiste isso, filho? A verdade é que depois de treinar muitas vezes, sem nunca desistir, lá aprendi. Como tu. Fica-se tão contente quando se consegue depois de todo o esforço, não é? Olha, vou-te confessar uma coisa: ainda hoje não sou lá muito boa a andar de bicicleta. Ando meia torta e não gosto quando ganha muita velocidade. Tenho a certeza que vais andar melhor do que eu. Por isso tenho orgulho em ti amor.
Pensando bem também tive momentos em que desesperava com os exercícios de matemática. Porque eu tinha dificuldade em perceber aquilo assim logo à primeira e ficava impaciente e irritada por não estar a conseguir. Mas depois, como era teimosa, não desistia. Metia na cabeça que tinha de aprender a fazer aquilo, nem que demorasse muito tempo e tivesse de repetir mil vezes. Depois de muito esforço e de errar muitas vezes lá começava a acertar. E era uma sensação tão boa! Chegava aos testes e sabia tudo. Sentia-me muito feliz comigo própria! Sabes como é? Não deves saber porque tu não tens dificuldade nos exercícios, o que tens é pressa de ir brincar e enervas-te porque queres acabar depressa e já nem te consegues concentrar, não é?
E, pronto, a partir de hoje ainda tens mais um motivo para gostares de ir ao parque, mais uma maneira de te divertires e de gastares energias! Não tarda vais andar tão depressa por ali às voltas que eu ainda me hei-de preocupar e ser uma chata sempre a dizer "cuidado, Pedro, podes cair". Aprendeste a andar de bicicleta, filho - parabéns. Vais aprender tantas coisas mais e isso é tão emocionante!
Espero que também tenhas aprendido hoje, filho, que hás-de conseguir sempre tudo aquilo por que te dispuseres lutar. Com essa mesma garra e determinação. Apesar da lama nos joelhos e dos arranhões nas mãos. Até os exercícios de matemática. Até a dificuldade de "pôr em palavras o que estás a sentir", como a mãe te costuma dizer. 
Sabes, ao ver-te avançar naquela bicicleta, muito maior que tu, primeiro aos ziguezagues, pouquinhos centímetros, depois mais controlado e distâncias maiores, senti muito orgulho em ti. A tua energia, a tua vontade de não desistir. O brilho nos olhos. Foste tão longe - até lá cima à ponta do parque! Senti, ao ver-te avançar sozinho naquela bicicleta do teu amigo que irás sempre muito longe. Rodeado de amigos, com uma pequena mão amiga que te larga logo, a palavra certa para te motivar e toda a tua vontade de vencer, hás-de conseguir ir muito longe, filho. Oxalá eu esteja sempre à altura de te dar a tal mão amiga, de te largar no momento certo e de te dizer a palavra certa que despoleta essa vontade de vencer. 










Tuesday, September 15, 2015

Em estado de choque ou pára-lhe o relógio!

Eu não sei. 
Electricidade estática, poderes mediúnicos, energias desreguladas, alergia à electricidade ou simplesmente mãos de princesa que não nasceu para trabalhar... Quem me conhece sabe que eu tenho esta relação com aparelhos, máquinas e electrodomésticos. Eu ligo o interruptor e fundo a lâmpada, eu não posso usar relógio porque me pára no pulso (pára-me o relógio, assim dito até tem piada porque o meu pára literalmente)... eu já estourei duas vezes o motor do exaustor, rebentei a luz interior do micro-ondas, avariei um  frigorífico e o meu fogão funciona porque é a gás!
Não há quem aguente. Tenho alturas em que não posso tocar em ninguém - que dá choque (pensando bem este super-poder até podia dar jeito em certas circunstâncias, mas adiante), nem em nada - que avaria. Misteriosamente. Os técnicos não sabem explicar. Dizem que nunca lhes aconteceu. Que é inédito, invulgar, extraordinário. Ó matemáticos da minha vida, ajudem-me, qual é a probabilidade de me acontecer a MIM tudo o que é raro, excepcional e improvável neste mundo? 
Desta vez foi o telemóvel. Estava a mandar uma mensagem, tranquilamente (dir-se-ia que me acontece quando estou mais stressada, com mais energia, mas, pelos vistos, nem isso...) e o bicho começa a vibrar, a vibrar, como se não houvesse amanhã, e, desde então, nem desligado desvibrava, era tremer e trepidar até lhe tirar a bateria. Porquê? Ora, segundo o técnico (sem desprimor para o mocinho da NOS que tinha cara de quem ali estava em part-time para custear a faculdade) "nunca tal tinha visto". De maneiras que não há quem explique o movimento sísmico do meu telefone... Há novidade!
Pois assim vou electrizando a vida, na esperança de dias mais serenos. Agradeço explicações, palpites e bitaites sejam de carácter científico, espiritual ou afins para remediar a situação. Aberta a despressurizações no espaço, banhos de mãos, limpezas com água salgada, defumações, terapias de choque, etc. Qualquer coisa que contribua para que o termo "avaria" desapareça do meu orçamento familiar como despesa fixa!

Tuesday, September 8, 2015

Quando a mãe está no hospital

Quando a mãe está no hospital não é como quando a mãe está a trabalhar e vem mais logo ou não vem jantar. Que aí a gente até agradece a folga da sopa e dos legumes e come uma pizzas e a vida é bela. Deitamos-nos mais tarde, podemos não lavar os dentes ou vestir o pijama do avesso ou jogar computador até às tantas sem que ninguém nos controle. Quando a mãe não está em casa, porque teve uma reunião ou porque foi a uma formação ou fazer um directo dos fogos de verão a ausência é simpática, é como uma folga, uma abébia. Pode-se puxar os cabelos às manas, deixar a roupa espalhada pelo chão da sala e pular em cima dos sofás. (Pensando bem, quando ela está em casa também acontece...) É bom que a mãe não esteja em casa, às vezes. Dá para arreliar mais o pai e vê-lo aflito, como uma barata tonta a pensar como é que a mãe consegue segurar as pontas. Mas quando a mãe não está em casa porque está no hospital a gente fica sem norte. Não sabemos onde estão as coisas. A pizza sai tostada. O pai não penteia da mesma maneira. Nada está certo. Parece que nem transgredir vale a pena! Por isso, mãe, volta para casa que havemos de te encher o recobro de miminhos, barulho e perguntas para que não sintas falta do silêncio sincopado a bipes de hospital.

Wednesday, September 2, 2015

Regresso à escola - 10 pormenores irritantes(e algumas verdades inconfessáveis) para as mães

Frases de boas vindas para alunos, volta às aulas
O verão escoa-se, os dias encurtam, não tarda os pequenos voltam à escola, um regresso cheio de emoções para pais e filhos. Aqui vão dez verdades inconfessáveis que as mães não revelam à luz do dia:

1) O insondável mistério dos lápis de cor
Todos os anos, pelo menos desde o pré-escolar (3 anos de idade) que compramos uma caixa de pelo-menos-doze lápis de cor. Por que razão transcendental, na altura de (re)construir o estojo, só nos aparecem cores descasadas, cinco pretos, um laranja, dois ou três amarelos e, impreterivelmente, os brancos todos de todas as colecções e marcas que fomos comprando?

2) O impiedoso poder do marketing
A gente vai ao supermercado comprar cenouras e...booom! Um corredor carregado de material escolar cor-de-rosa-lilásico de um lado e azul-vermelho-preto do outro. São prateleiras e prateleiras de Doras, Princesas Sofias e Doutoras Brinquedos VS Homens-Aranha, Hulks e Invizimals e, claro, este ano, Minions. A gente bem tenta convencê-los de que o super kit fantástico do Pingo Doce (que por cinco euros resolve o assunto- desde a mochila à borracha) é espectacular e a condizer, mas dificilmente vencemos as Minnies, Frozens e Violettas! Desconfio que os Star Wars me vão perseguir em pesadelos até à páscoa!
Os pais de meninos mais crescidos não suspirem de alívio. Para vocês há toda uma conspiração de O'Neill, Replay, Billabong, EastPak, Rip Curl, QuickSilver e Converse para ensombrar as mentes tortuosas dos vossos adolescentes! Boa sorte! Este ano, pelo que percebi, há ainda uma parafernália de opções que vos vai fazer desesperar só para escolher a Mochila! Há mochilas com relógio incorporado, com divisória para portáteis, com  colunas, com auscultadores, com Leds e com Power Bank! Ah...a vingança serve-se fria... riam-se agora do Jake e os Piratas na Terra do Nunca!

3) A lista de material escolar
Se fossem só canetas, borrachas e cadernos, a gente não se irritava. Há, porém, tintas e pincéis, compassos, réguas e esquadros, plasticina, marcadores, máquina de calcular, dicionário... sei lá, um dia destes ainda nos pedem que eles levem o verniz de gel para aplicar às professoras! Depois admiram-se que algum inteligente tenha inventado os trolleys para poupar as costas aos gaiatos! Já para não falar em toneladas de manuais escolares, com respectivos livros de fichas e de exercícios... Na era do digital, cada vez que um filho meu vai à escola, abate-se uma floresta!

4) As sapatilhas nunca são suficientes
Ou os pés lhes cresceram à custa das bolinhas de Berlim ou foram torneios intermináveis pelos relvados e quintais mais próximos, um verão inteiro a romper sapatilhas!

5) Roupas
Mas a roupa minga toda com o sol ou as crianças esticam cada vez que dão um mergulho? Voltar à escola é perceber que não há saia que agora não fique "mini" ou calças que não se tenham tornado "capri"(pelo tornozelo) - o que, tudo bem, este ano até está na moda! No entanto, há um critério que se impõe: eles têm de conseguir respirar dentro das T-shirts que ficaram justas ou dar um pontapé na bola sem romper os calções no rabiosque...

6) Rotinas
Depois de um verão de excessos, mergulhos, brincadeiras e desoras até trememos só de imaginar que vamos ter de os ter vestidos, pequeno-almoçados e sorridentes a horas certas na sala de aula. A gente bem se convence que tem de os ir habituando à rotina uns dias antes, mas isso só antecipa o sofrimento...

7)  Almoço
A escola tem cantina, aí os menus são planeados equilibradamente e os nossos filhos nutrem-se com sopa, peixe, legumes e fruta. Ou não. Copos entornados, feijões a voar, o tilintar de talheres e tigelas de estanho por trás dos gritos ensurdecedores dos putos que aprenderam bem a lição em casa: não se fala de boca cheia... berra-se! E daí? Cantina significa alimentá-los menos uma vez por dia do que nas férias! O saldo para os pais é positivo. 

8) Lanches
A gente sabe que devem ser saudáveis e variados. Até aposto que algumas de nós cortam cenouras aos palitinhos e fazem espetadas de fruta fresca e colorida ...em Setembro. Em bom abono da verdade, até ao Natal já nos rendemos ao leite escolar (afinal é pouco achocolatado!) e à comodidade dos Manhazitos embalados...vencem-nos pelo cansaço.

9) Reuniões de pais
Quem inventou a expressão "mãe galinha" estava a pensar no sentido ultraprotector que as mães têm em relação às crias.... e não no ambiente galináceo e cacarejante das reuniões iniciais de ano lectivo em que todas querem os pintainhos na carteira da frente...

10) Amigos
Todas queremos os nossos filhos bem integrados e saudáveis, mas não vale escolher-lhes os amigos ou invadir-lhes o recreio a toda hora. Como é que reagiríamos se eles nos dissessem "Tens de partilhar a tua nova carteira Louis Vuitton com a Joana porque ela é tua amiga" ou "Porque não emprestas o teu bâton à Filipa que é tão tua amiga?"

11) Horas de sono
No nosso mundo ideal temos crianças a dormir 10h por noite, tranquilas, a ir para a cama de livre vontade de pijaminhas bem vestidos e dentes lavados, com historinhas contadas em abraços e orações da noite bem rezadas. Todas sabemos que isto é uma miragem nos primeiros dias de aulas. O mais certo é haver resistência para ir dormir, pinchos de excitação, lutas de almofadas, birras, lágrimas e mesmo insónias de ansiedade. Mais uma vez: o início do ano lectivo é terrível!

12) Despedida
Deixá-los no portão da escola, no primeiro dia de aulas, a temida separação, as lágrimas de despedida... e a fantástica sensação de liberdade que aquele toque nos traz!!!