Eu devia ter adivinhado que as disputas entre manos se perpetuariam no tempo, logo quando dei com o Pedro, de punhos cerrados, junto ao berço da recém-chegada... ou deveria ter deduzido pelo facto de ela ter aprendido a andar ao empurrão... (muito gostava ele de a ver cair de fralda estreme no chão, para novamente se erguer agarradinha ao sofá!)
Eu devia ter percebido, aquando do desfralde da Mary, que a
reciprocidade de afectos daria pano para mangas pela infância fora,
naquela acusação peremptória... ela, aflita, a já não chegar a tempo à função, com uma mão no tampo da sanita, outra nas cuecas molhadinhas,
muito aflita (normalmente controlava-se muito bem, raras vezes, se não
nunca, se descuidava...) e eu: "Ohhh!Então, filha?" e ela, sem
pestanejar: "Foi o MANO!"
Pois claro. A culpa é sempre dele.
Eu devia ter percebido então.
Eu devia ter percebido então.
Que o "ela-é-que-começou", "ele-fez-primeiro" ia ecoar por estas paredes fora ad eterno...
E era apenas o início da saga.
Por motivos de lesa pátria!
1) Ela está a respirar o mesmo ar que eu!
2) Ele tocou no meu lado!
3) Ela está na soleira do meu quarto! (já nem é porque lá entrou...)
4) Ela está a OLHAR para mim!
5) Ele chamou-me bebé!
6) É meu!!!
7) Eu peguei primeiro!
8) Ele cuspiu no gelado só para não me dar um bocadinho!
9) Ela escondeu o comando para eu não mudar de canal!
10) Ele quer beber no copo cor de rosa!
11) A coca-cola dela tem mais bolhinhas que a minha!
6) É meu!!!
7) Eu peguei primeiro!
8) Ele cuspiu no gelado só para não me dar um bocadinho!
9) Ela escondeu o comando para eu não mudar de canal!
10) Ele quer beber no copo cor de rosa!
11) A coca-cola dela tem mais bolhinhas que a minha!
O carro e as viagens dão todo um outro capítulo.
Já não basta o refrão individual - ou em stereo - do "quanto falta?", "falta muito para chegar" em cada um dos cinco minutos das longas viagens de quatrocentos quilómetros... há também: as cadeiras, a escolha do cd, o LADO, os pés, os cotovelos, o pescoço, whatever no lado errado...
E quando os adultos in command pensam que solucionam a coisa descobrindo a pólvora e dando um tablet a CADA UM...
Ah! Ingénuos!
Ah! crentes!
Isto é uma guerra secular!
Um competir visceral!
Uma disputa vital!!!!
É porque o som do tablet dele está mais alto, é porque já passei de nível e tu não, é porque esse jogo é de meninas e um etecetera até ao destino que nos agita os fígados e põe os nervinhos em franja!!!
Já não basta o refrão individual - ou em stereo - do "quanto falta?", "falta muito para chegar" em cada um dos cinco minutos das longas viagens de quatrocentos quilómetros... há também: as cadeiras, a escolha do cd, o LADO, os pés, os cotovelos, o pescoço, whatever no lado errado...
E quando os adultos in command pensam que solucionam a coisa descobrindo a pólvora e dando um tablet a CADA UM...
Ah! Ingénuos!
Ah! crentes!
Isto é uma guerra secular!
Um competir visceral!
Uma disputa vital!!!!
É porque o som do tablet dele está mais alto, é porque já passei de nível e tu não, é porque esse jogo é de meninas e um etecetera até ao destino que nos agita os fígados e põe os nervinhos em franja!!!
Porque a questão que se impõe é: COMO, por Deus, COMO mediar tais intermináveis disputas?
Se não, vejamos:
"Mããããeee, ele está a dizer que eu sou burra!"
"Ignora-o!"
"Vou-te ignorar."
"Não, não vais!"
"Sim vou!"
"Não, não vais!"
"E sim!"
"E não!"
"Mãããeee! Ele não me deixa ignorá-lo!"
(aggghhhhhhhh)
NÃO. TEM. FIM.
Um gajo acaba por
não ouvir razões
e
rematar com um gordo cada-um-para-o-seu-quarto,
que, vá-se lá entender os deixa - a ambos- descontentes, vítima e agressor,
porque (mistério dos mistérios) eles queriam estar juntos!!!!?????