Pêras que alguém colheu e generosamente trouxe à casa, incorporam um bolo que está no forno e adocica o ambiente. O verão despede-se, neste final de tarde ventoso. A brisa leva memórias de mergulhos, gelados e sol e traz ansiedades pré-lectivas, borboletas nos estômagos pequenos e grandes, melhor geridas nos pinchos dos mais novos e mais azedas nos humores dos mais velhos.
Também cheira a pêssegos, biológicos, dos que têm superfícies irregulares, buracos de bichos e pisaduras aqui e além, mas que enchem a cozinha de aroma e a fruteira de assimetrias não tabeladas.
Setembro toma conta da casa, vem de lápis e cadernos a estrear, traz casacos com sandálias, t-shirts e guarda-chuvas.
O estendal está cheio. Sempre cheio, queixamo-nos disso; mas, de repente, os olhos param no estendal do vizinho. Tudo negro. A vida faz sentido deste lado da varanda, com um estendal cheio de roupa estendida - das cores certas.
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