
Entretanto, pai e filho já se tinham esgueirado lá para cima para a cama, enroscando-se a ver televisão.
A Mary estava ao computador, a pesquisar um documentário qualquer sobre o qual a professora havia falado e do qual ela havia tomado nota num pedacinho de papel rasgado do canto de um caderno.
(eu acho estes pormenores deliciosos, não sei se me estão a seguir)
Disse-lhe "ó filha a mãe vai sair, não te demores aí ao computador que já são horas de descansar, está bem?"
Ela atirou um está bem- está bem, deixa-me só acabar de ver isto de que a professora falou e só tem um minuto e tal.
Fui-me embora descansada. Confio nela e um minuto parecia-me razoável.
Pensei - vais ouvir a Grândola Vila Morena ou A-gaivota-voava-voava e pronto, vais para cima!
Errado!
Quando voltei, para lá da meia noite, já só brilhava a luz do computador na sala escura.
A Maria ainda estava a ver o documentário... entusiasmou-se e viu a versão longa, com quase duas horas de duração!
Não consegui zangar-me com ela pelo tardar da hora ou a desobediência.
Afinal, no dia a seguir era feriado
e o que tinha vencido ali era
o gosto pelo conhecimento,
a curiosidade,
o interesse histórico
- nenhum dos quais merecedores de castigo.
Aliás, motivos de orgulho.
Quantas crianças de nove anos ficarão coladas ao ecrã a ver um documentário de duas horas sobre o 25 de abril?
PS - Se alguém tiver a paciência da Mary e curiosidade de saber do que estou a falar, está aqui
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