Saturday, December 30, 2017

Consoar em Casa

A ceia de natal de 2018 foi especial.
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Há muitos anos que queríamos festejar o natal na "nossa casa" com a família.
Primeiro porque existiam mães e sogras com saúde e vitalidade para nos acolher, mais tarde porque essas condições não se reuniam, mas havia que celebrar na mesma, e, no geral,  porque em dezassete anos Bragança era longe e sempre descemos o Marão para consoar.
Desta vez, estávamos mais perto e o desejo antigo concretizou-se. A casa encheu-se do cheirinho da canela e do mel; fizeram-se os mexidos, as rabanadas e a aletria; encheu-se pires com uvas passas, frutos secos, tâmaras e figos secos.
E não foi apenas a alegria da consoada; a casa "natalinizou-se" com dias de antecedência e os preparativos trouxeram a antecipação da alegria, a própria preparação da festa foi, em si mesma, uma festa.
A casa viu-se aspirada, varrida, limpa e ornamentada para ficar fresca para a noite santa. Comprou-se um vasinho com uma poinsépia ou estrela de natal.  Montou-se o pinheirinho, compraram-se bolas extra e a Maria decorou-o com uma cadeira até mesmo ao alto. Dispôs-se o presépio e uma coroa festiva na porta de entrada. As luzinhas piscavam e já cheirava a Natal.
Comprou-se presentes, fizeram-se embrulhos, ataram-se laços acetinados em papéis vermelhos. Compraram-se frutas e couves e grelos e frango do campo e borrego e ovos. Abasteceu-se a garagem com lenha para que houvesse uma lareira sempre acesa a noite toda.
Teve de se comprar uma bacia grande para pôr tantas postas de bacalhau a demolhar! Era uma emoção! Íamos receber toda a gente!!! A Tia Ana, o Tio Gonçalo, o Tomé; o Bu Mando e a Luísa; a Bó Fatinha e o Tio Tato. 
Os miúdos, agora sapientes do segredo do natal, combinaram estratagemas relativos à "chegada do pai natal" para o primo pequeno, contentes por participarem numa incumbência normalmente restrita aos adultos.
No dia anterior à  consoada, montou-se uma mesa extra na sala e o pai Reno esteve às voltas a estudar a melhor disposição da mesa para que todos ficassem confortáveis e a sala não perdesse espaço e conforto. 
As toalhas de natal foram passadas a ferro e postas na mesa, colocaram-se pratos, copos e talheres mais cuidados. Abriram-se garrafas, encheram-se infusas; colocaram-se grandes guardanapos vermelhos.
Panelas borbulharam na cozinha. O vapor da ceia inundou a mesa e a sala. Risos e brincadeiras; brindes de tinto. Natal. Em família.


Tuesday, December 19, 2017

Edição de memórias - MEMÓRIA

Diz o Pedro: "Não tens memória para nada, mãe!"
"Pois não, filho, foram muitas noites mal dormidas para te dar de mamar, a ti e à mana... afectou-me a memória!"
"Então também não te devias lembrar disso..." (LOL)

Sunday, December 17, 2017

Parabéns pai! Tudo controlado!

Na quinta feira passada tive reuniões de avaliação pós-laborais. Há muito que sei que o Renato é um super pai e que ficam bem entregues com ele, mas estava um pouco preocupada porque no dia seguinte, sexta, havia que levar almoço partilhado, um, e lanche alargado para saída, outra. Ou seja, era mesmo muita fruta para um dia de semana...

O pai costuma dizer que 
quando eu não estou tudo corre às mil maravilhas 
e eu não sei bem o que hei-de sentir em relação a isso...

Satisfação, claro, 
e orgulho no pai eficaz que o Renato é; 
mas, simultaneamente, 
uma frustraçãozinha... 
por que raio só há-de ser difícil comigo... 
mas, enfim, pelo menos fico sossegada quando assim tem de ser.

De modo que, ao sair da reunião,por volta das nove da noite, ligo para casa a saber que tal correram as lides. O Renato diz-me com ar de gozo que está tudo sob controlo
tomaram banhos sozinhos, 
prepararam coisas para o dia seguinte,
ajudaram a pôr a mesa;
os farnéis também estão preparados, 
assou um frango caseiro no forno,
fez um arroz de miúdos
e ainda deixou um coelho estufado na panela de pressão.... rrrrrr!

E a Maria? Já a conseguiste convencer a ir para a cama?
(costumo degladiar-me desde as nove até às dez e um quarto para a meter na cama; portanto aqui reside a minha esperança!!!!)

está a dormir! Foi-se deitar às oito e meia porque tinha de se levantar cedo 
(gargalhada prazenteira de triunfo paternal) 
ela é que quis, disse que precisava de descansar para ir cedinho para o passeio...

Estou a ver que está tudo mesmo controlado...
(pontinha de desilusão)
Como é possível? Como consegues?

(riso triunfal)
Não tem nada que saber. Tudo a rolar!
Agora estou a pôr a mesa para ti!

Despeço-me,ainda bem, até já, já chego a casa.
Invade-me um outro sentimento - gratidão. Sou grata por esta benção. Ao Renato e aos céus.


Ao chegar, mesa posta,
deliciosamente posta,
frango gostoso, o dito arroz de miúdos, salada, um copo de pé alto, uma garrafa de tinto.
Pai e filho descem, de pijamas, para me fazer companhia na refeição tardia, que me sabe pela alma, pois foi um dia árduo em que nem almocei..
Penso, isto é amor. 

Digo: Sim, senhor!
Isto é que é eficácia. Não faço cá falta nenhuma, vou começar a ausentar-me mais vezes... (despeito?)

Riem-se.
Sabes qual é que foi a cereja no topo do bolo?
O pormenor que mais me revolveu a bílis?
É que, à chegada, o Mercedes já estava viradinho para sair, apontado para o portão!!!!
Até o carro já está preparado para o dia seguinte!!!!!!

Monday, December 11, 2017

Desiderata (aos meus filhos)

 Palavras escritas pelo poeta americano Max Ehrmann (1872-1945). 
Tudo aquilo em que acredito e que gostaria de vos passar, filhos.


Desiderata
Vai serenamente por entre a agitação e a pressa e lembra-te da paz que pode haver no silêncio. Sem seres subserviente, mantém-te tanto quanto possível, em boas relações com todos.
Diz a tua verdade calma e claramente e escuta com atenção os outros mesmo que menos dotados e ignorantes; também eles têm a sua história.
Evita as pessoas barulhentas e agressivas; são mortificações para o espírito.
Se te comparas com os outros, podes tornar-te presunçoso ou melancólico, porque haverá sempre pessoas superiores e inferiores a ti.
Apraz-te com as tuas realizações tanto como com os teus planos.
Põe todo o interesse na tua carreira ainda que ela seja humilde; é um bem real nos destinos mutáveis do tempo.
Usa de prudência nos teus negócios porque o mundo está cheio de astúcia; mas que isto não te cegue a ponto de não veres virtude onde ela existe; muitas pessoas lutam por altos ideais e em todo o lado a vida está cheia de heroísmo.
Sê fiel a ti mesmo. Sobretudo não simules afeição nem sejas cínico em relação ao amor porque, em face da aridez e do desencanto, ele é perene como a relva.
Toma amavelmente o conselho dos mais idosos, renunciando com graciosidade às ideias da juventude.
Educa a fortaleza de espírito para que te salvaguarde numa inesperada desdita. Mas não te atormentes com fantasias. Muitos receios surgem da fadiga e da solidão.
Para além de uma disciplina salutar, sê gentil contigo mesmo.
Tu és filho do universo e, tal como as árvores e as estrelas, tens direito de o habitar. E quer isto seja ou não claro para ti, sem dúvida que o universo é – te disto revelador.
Portanto vive em paz com Deus seja qual for a ideia que d´Ele tiveres. E quaisquer que sejam as tuas lutas e aspirações, na ruidosa confusão da vida, conserva-te em paz com a tua alma.
Com toda a sua falsidade, escravidão e sonhos desfeitos o mundo é ainda maravilhoso.
Sê cauteloso. Luta para seres feliz.
(Tradução livre de M. L. Peixoto)

Tuesday, December 5, 2017

Edição de Memórias - Batonar

A caminho de um sítio chamado Cachão para ver a bola do grande. 
Entretanto no carro para a pequena: "queres umas bonequinhas para te entreteres? " 
e ela 
"não é preciso estou me a batonar " 
"ah?" digo eu 
 "a pôr baton! "