Monday, August 11, 2014

Doces dias de Agosto

      Mesmo que este Agosto não seja o mais quente de sempre, mesmo que a temperatura da água do mar só me permita ir a banhos no chuveiro, mesmo que o vento nos afaste da esplanada ao fim do dia, as mãos pequeninas constroem castelos na areia e os seus corações grandes andam tórridos de emoções, pulos, mergulhos e aventuras!
      Temos uma figueira no quintal, por cima da churrasqueira onde grelhamos peixe e em frente a uma mesa onde comemos melancia e melão frescos, acompanhados de um gato preto, que pertence à casa e nos faz companhia na hora das refeições. O gato é uma emoção para os miúdos; o chuveiro no exterior, ao vir da praia, pelas duas da tarde, também é uma emoção para os miúdos. Para os adultos as emoções são outras. É chegar à casa, alugada pela internet, a torcer para que ela EXISTA, e que seja a mesma das fotografias e não uma fraude de um qualquer galinheiro com vista para alfarrobeiras podres. E verificar que o único defeito é estar carregada de santinhos e quadros de gosto questionável (não, não temos o menino da lágrima, mas temos os anjinhos papudos da Capela Sistina!). A senhora a mostrar a casa, tudo "full equiped", como dizia no anúncio, e eu, sem a ouvir, a pensar que aquele mega crucifixo à cabeceira da cama do casal havia de ter  pouco sossego com o casal jovem que, desta vez, aqui vai pernoitar!
      O areal é imenso para caminhar e pôr as ideias em dia, rodeados da família que nos faz falta durante o resto do ano, a folhear jornais, livros e revistas que não temos oportunidade de ler, a enfiar os pés na areia e a saborear aqueles grãos, a textura, fininha, fininha, macia e reconfortante. Os miúdos enchem-se de gelados e bolinhas de berlim, felizes com a injecção de açúcar. Eu gosto que estejam felizes, mas não gosto do açúcar. Relevo. Faz parte. São doces dias de Agosto.

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