Tuesday, March 26, 2019

Edição de Memórias

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26 Março 2012

Chuva de brilho para duas estrelas!
E a minha Maria (sempre) ao colo, a apreciar da varanda: "ó xalo taiz u bolo cá pa xima!"

Monday, March 25, 2019

Escola Nova

     Hoje foi o primeiro dia da Maria em Gemeses, uma escola pequenina, com apenas duas turmas, um total de cerca de trinta alunos para um recreio grande, num edifício à moda antiga, em granito, e ladeado por uma vasta zona florestal.

     É um dia que vai ficar para a história da minha mais nova, porque há muito que a não via ansiosa por ir para a escola e a voltar de lá com um sorriso nos lábios.

  Para resumir uma história que foi demasiado comprida, a Maria detestava a escola sede do agrupamento e nunca se adaptou. A primeira coisa que me disse, quando chegou no setembro do ano lectivo anterior foi que "aquilo é só cimento!". Ela não gostava do recreio, um espaço em betão, sem escorregas, nem baloiços, nem árvores, onde até as bolas eram proibidas. Também não gostava da turma, onde, ao que parece, e pelo pouco que ia deixando escapar (pois raramente queria falar sobre o assunto) havia meninos muito insurrectos. Dizia que não se calavam e que eram mal educados. Relatou-me várias situações graves.
    Depois, dizia também que não tinha amigos. Que não brincava. E, por último, que gozavam com ela. Por exemplo por ter uma capa com bonequinhos. Achei isso profundamente estranho. Trabalho com centenas de crianças da idade dela e todas são infantis e adoram bonecadas. Até costumo fotografar as tralhas e tralhices que eles usam: canetas com pompoms, estojos floridos de múltiplos andares, etc, etc etc.
     A verdade é que A Mary andava sempre irritadiça, de mau humor e infeliz. Passou ali um mau bocado, acho. Só lhe agradava a comida da cantina. O que, apesar de ser um bom garfo, não era suficiente para fazê-la feliz.

    Fui juntando as peças do puzzle, devagar de mais para o que seria desejável, e finalmente optei por mudá-la para uma escolinha da aldeia. Pelo que vi hoje, pena não ter tomado a decisão há mais tempo.

    Esperavam-na nas grades, às nove menos dez. "É esta!". A chegada da menina nova era esperada e desejada. Deixei-a e voltei à hora de almoço. Estava um dia lindo, cheio de sol, e a Maria vinha radiante e cheia de fome. Tinha tido um intervalo da manhã tão atarefado que nem tinha tido tempo de lanchar. Bombardearam-na de perguntas e contou que se fizeram corridas e ela as ganhou todas.

     Quis almoçar rápido para voltar para a escola e brincar mais antes do turno da tarde. Assim foi. Voltou feliz, de bola debaixo do braço e foi recebida aos gritos de histeria.

    Às quatro e meia fui buscá-la. (Que bom que era se pudesse ser sempre assim!)
    Tivemos de ir resgatar a bola no meio do pinhal atrás da escola; uma aventura por entre silvas, mato e cheirinho a eucalipto.
    Contou-me que a nossa vizinha, agora colega de carteira, só dizia "nem acredito que estás aqui! Estou tão feliz por estares aqui!". Isso emocionou-me e renovou-me a esperança de que tudo vai correr bem. 
    Contou-me ainda (e há que tempos a não ouvia falar tanto!!!!) vários jogos novos que aprendeu e, pela primeira vez desde há muito tempo, voltei a ouvi-la rir e cantarolar no quarto. 
    Que bom que lhe encontramos um espaço onde pode voltar a ser criança e a brincar!

Friday, March 22, 2019

A pequena é que me entende!


(há um ano, com 8)

"Mas tu afinal quantas horas dormes por dia?" 
pergunta-me a Mary ao ver me entrar em casa às dez da noite sem me ter visto sair às sete e vinte...


Tem dias filha. Hoje é que tive reunião!


"Depois daquelas aulas todas?"


Como tu me entendes pequenita!